Sertanejos não tem representado os milhões de fãs para demonstrarem indignação diante da crise sanitária e política que assola o país
A classe artística nunca esteve de um lado tão revoltada e de outro, tão calada. Isso porque em 2018 quando Jair Bolsonaro foi eleito para Presidente da República, muitas consequências dos votos que o levaram ao poder viriam a ser decisivas para uma polarização de atitudes dos cidadãos. A pandemia tem sido o maior reflexo disso. Certamente, ela foi inevitável mas a maneira como foi conduzida pelo governo atual multiplicou a gravidade da crise sanitária que se tornou a maior da história do Brasil.
Dentro do mundo sertanejo, no entanto, pouco se veem cantores e cantoras demonstrando revolta pela irresponsabilidade e incompetência de poucas pessoas que resultaram na morte de muitas. No último sábado (29), ruas das capitais de todo o país foram tomadas contra a gestão de Bolsonaro que em meio a uma pandemia recusou 14 vezes ofertas de vacinas como foi delatado na CPI que analisa possíveis irregularidades do Estado desde a chegada do vírus no país.
Gusttavo Lima, inclusive foi citado recentemente no depoimento do ex Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que atribuiu ao sertanejo grande ajuda durante a crise de oxigênio em Manaus (AM). No entanto, o que chama a atenção neste cenário, é o silêncio de muitos artistas que pediram a volta de eventos presenciais e se preocuparam com os próprios trabalhos mas se recusam a comentar sobre a realidade atual e muito problemática em que vivemos.
É preciso levar em conta que a retomada de shows seria um tiro no pé considerando que além da imunização, a principal arma contra a doença continua sendo o isolamento social. Com a morte recente do ator Paulo Gustavo, a classe de atrizes e atores se manifestaram em sua grande maioria revoltados com os depoimentos da CPI aos senadores que deixam claro um projeto político negacionista que causou a morte de mais de 460 mil brasileiros.
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Diante disso, contraditoriamente, cantores sertanejos como Naiara Azevedo e Sorocaba que foram à Brasília se encontrar com Bolsonaro em nome do entretenimento mas hoje, se calam frente à muitas vidas perdidas. O lockdown foi contestado para que os shows não continuassem a ser impedidos quando na verdade nunca aconteceu um verdadeiro isolamento social rigoroso que pudesse conter o vírus, tudo isso em nome da economia, que poderia ser recuperada mais pra frente enquanto que vidas perdidas, não.
Gusttavo Lima, por exemplo, se relaciona desde 2018 com o clã bolsonarista e caso enverede na política em 2022 deverá ter o mesmo viés político do atual Presidente e Zezé Di Camargo no ano passado chegou a afirmar que manterá o seu voto. Por fim, com o protesto recente de brasileiros que não aguentam mais tanto descaso e o contínuo silêncio de pessoas influentes que possam ter um peso maior ao cobrar posicionamento como é o caso dos sertanejos, vale uma reflexão de quem são os verdadeiros influenciadores atuais.
Confira o protesto de algumas personalidades nas ruas e nas redes
Com a morte do ator e humorista Paulo Gustavo, suas amigas Samantha Schmutz e Mônica Martelli compareceram nas manifestações. A atriz Renata Sorrah também foi para as ruas como acontece em uma sociedade democrática para declarar o desgosto com as atitudes que vem sendo tomadas pelos governantes. Nas redes, Fafá de Belém também se manifestou.
Confira:
Renata Sorrah, fundamental!#ForaBolsonaro #PovoNaRua pic.twitter.com/au7uHhP0xP
— ERIKA HILTON 🏳️⚧️💉 (@ErikakHilton) May 29, 2021