O produtor Diego Timbó fez um duro desabafo e revelou que já sofreu homofobia de artistas nos bastidores da música. Saiba detalhes
Que rola muita homofobia e machismo dentro da música sertaneja todo mundo já está cansado de saber, tendo em vista a dificuldade de artistas LGBTQIA+ se destacarem nesse segmento e as constantes polêmicas que nomes como Zé Neto e Bruno, da dupla Bruno e Marrone, protagonizaram durante as suas lives sertanejas e constantemente nas redes sociais.
Apesar de se saber sobre os preconceitos, os bastidores da indústria musical escondem podres que nem os maiores fãs podem suspeitar, principalmente nos gêneros dominados por homens, como no sertanejo por exemplo. E é sobre isso que o produtor e empresário Diego Timbó, que já trabalhou com Pablo Vittar, Iza e outros grandes nomes brasileiros e assinou diversos hits, falou em uma entrevista com crítico de música Clemente Magalhães no podcast “Corredor 5”.
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Em mais de uma hora de bate-papo, o produtor denunciou o preconceito, e sobretudo a homofobia, que acontece nos bastidores da indústria musical: “Quanto mais você expressa a feminilidade, mais você vai ser perseguido”. Segundo Diego, essa realidade vai desde o meio dos compositores até dentro das companhias. Questionado pelo entrevistador se percebia isso dentro das gravadoras, ele não poupou palavras: “Eu tenho certeza”, disparou ele, que teve Fiuk como o seu primeiro companheiro de trabalho heterossexual.
O produtor também fala sobre o constrangimento que passou em um dia que sentou para colaborar com Luísa Sonza, “Eu vivi uma situação há um tempo atrás que eu estava com a Luísa compondo e era uma composição que só tinham homens héteros sentados compondo, eu tentei dar uma ideia e na hora eu me lembro que uma pessoa me olhou de cara feia. E tentei por mais umas cinco vezes até entender o que estava acontecendo, era sobre não ser escutado, era sobre não ser credibilizado”, comenta Diego que já assinou grandes hits do pop brasileiro.
Em outro momento da entrevista, Timbó conta que no meio do sertanejo e outros gêneros predominados por homens, quase não se tem oportunidades para produtores, empresários e até compositores do meio LGBTQIA+, e ainda destaca que até as mulheres no segmento são poucas: “As pessoas sabem quem eu sou, conhecem meu trabalho e falam ‘vamos fazer um negócio’, mas eu sei o porque a gente não vai fazer o negócio, eu sei o porque eles não me chamam. E eu sei que gostam do meu trabalho, falam comigo sobre. É porque faço ‘Música Gay’, ‘Dragmusic’ ou qualquer nome bizarro que dão pra isso”, desabafou.
Assista ao vídeo com a entrevista completa:
Zé Neto já foi acusado de homofobia em live sertaneja
Em uma live sertaneja de Zé Neto e Cristiano que aconteceu no dia 5 de junho, a dupla teve uma audiência abaixo do esperado, e ficou marcada por polêmicas homofóbicas que apontaram, mais uma vez, para o cancelamento da dupla sertaneja. Em determinado momento da apresentação, o cantor Zé Neto “pagou uma aposta” vestindo uma camiseta do São Paulo e imitou trejeitos de homossexuais, o que explodiu na internet no mesmo momento e levou uma série de críticas ao cantor sertanejo, que ainda no meio do show pediu desculpas e não satisfeito em se justificar alegou não ter medo do cancelamento.
A atitude de Zé Neto pegou mal em todos os cantos e a imagem de brincalhão perante o público foi extinta, dando lugar à sem noção que faz tudo para chamar a atenção. Na verdade, essa era uma imagem de boa parte dos não-fãs da música sertaneja, mas agora os adjetivos pejorativos começaram a aumentar para sua conta.
Como se não bastasse a atitude homofóbica de Zé Neto na live, que deixou até a cantora Luíza (da dupla Luíza e Maurílio e abertamente lésbica) desconfortada e levou a sertaneja a abandonar o show pela metade, várias outras piadas da transmissão a levaram a um nível de show de baixarias. As polêmicas foram tantas que nenhum veículo sequer deixou de noticiar a piada e a revolta do público.