[EXCLUSIVO] Neto e Felipe conversaram com o Movimento Country sobre a saída da dupla sertaneja no The Voice Brasil 2022 e o que vem por aí nessa nova fase.
Quem pôde acompanhar a 11º edição do The Voice Brasil se encantou com a versatilidade e o talento da dupla sertaneja Neto e Felipe. Os cantores sertanejos, que são amigos de infância – ou “irmãos de vida”, como se chamam -, cresceram em Jales, interior de São Paulo, com um início muito bem engatinhado na música, já tendo lançado diversas versões musicais e faixas originais no canal do YouTube oficial.
Entre os destaques, o EP “Saudade É Mato”, contando com as músicas “Zerei a Vida” – muito reproduzida nas estações de rádio – e “Saudade É Mato” – com participação da dupla sertaneja Guilherme e Santiago -; e a recente faixa “Tanta Solidão”, lançada na última sexta-feira (10), são projetos que mostram que Neto e Felipe vieram para ficar e tem muito a mostrar para todos os brasileiros amantes da música sertaneja.
Depois de tantas transformações e ensinamentos de 2022, Neto e Felipe conversaram pela terceira vez com a equipe do Movimento Country, para falar tanto sobre a participação no reality show da TV Globo de tanto sucesso nacional, quanto o que nós, fãs de sertanejo, podemos esperar da dupla para 2023 em diante.
Muito sobre o início da formação sertaneja de Neto e Felipe foi comentado, assim como o momento de “virada de chave” do gênero do rock/pop à música sertaneja e suas referências e pensamentos sobre este mundo. Bora conferir?
Trajetória, Ensinamentos e Frutos no The Voice Brasil
“Somos muito gratos por essa oportunidade e saber que ela veio na hora certa”, disseram Neto e Felipe no vídeo de introdução da dupla antes de estrearem muito bem no The Voice Brasil 2022. Cantando “Cio da Terra”, composição de Chico Buarque e Milton Nascimento e gravada por Pena Branca e Xavantinho e Chico Rey e Paraná, bastaram poucos segundos para os quatro jurados apertarem os botões de uma vez só.
Com diversos elogios sobre atender o que a música pedia, o repertório e a sincronia, Michel Teló acabou sendo o jurado da dupla sertaneja. Neto e Felipe alcançaram duas fases, cantando “Soud of Silence” no Tira-Teima – impressionando totalmente a apresentadora Fátima Bernardes e Lulu Santos – e “Estrada da Vida”, de Milionário e José Rico, nas batalhas, que acabaram não levando a melhor.
“Inicialmente é chato, não adianta dizer que não é. Mas o programa é um jogo, um tem que sair e outro ficar”, disseram os cantores na entrevista exclusiva ao Movimento Country.
“Música não é isso, não existe melhor ou pior. Então o negócio é se lembrar da razão por trás de tudo. O The Voice é um espetáculo, um programa de entretenimento e chegou a nossa hora de sair de cena. Foi uma batalha linda com uma dupla muito talentosa, Duda e Isa Amorim, cantando um clássico. Não temos do que reclamar, só agradecer sempre pela exposição maravilhosa que tivemos do nosso trabalho e não esquecer que estar ali é um prêmio se pensarmos em tantas inscrições que são feitas para participar do programa”, complementaram os meninos.
Para eles, a grande importância que absorveram diante do reality show é a própria valorização de seu talento e ir em busca de novos ares: “A diversidade desse programa é muito bonita e faz a gente olhar para o que temos de único também. Dessa forma, o caminho sempre é em busca da nossa voz, do que dizer de diferente. Acreditar que sempre podemos mudar e sermos autênticos ao mesmo tempo”.
Não é somente o vencedor do prêmio que alcança grandes feitos: Neto e Felipe disseram que já sentiram a diferença da exposição nacional que o reality deu aos artistas sertanejos, com reuniões profissionais importantes já tendo rolado: “Estamos trabalhando e conversando com alguns produtores (…) Já tivemos reuniões importantes e bastante procura. Estamos abertos a todas possibilidades e muito animados com o futuro”, disseram os cantores.
Com “muita coisa no forno”, Neto e Felipe planejam dar continuidade à mesma energia e talento mostrados em horário nobre no The Voice Brasil: “Podemos prometer muito trabalho, shows e pelo menos um grande projeto, que contaremos em primeira mão aqui no Movimento Country!”, contou Neto e seu amigo Felipe. Olha que vamos cobrar, hein!
Neto e Felipe antes do sertanejo
Quando pensamos em artistas que cantam sertanejo, já associamos sobre sua família ligados à cultura caipira e sertaneja, que serviram para o cantor já se habituar a gostar daquele gosto. Nem precisa envolver uma tradição familiar, basta somente uma preferência do sertanejo desde sua infância ou em seus primeiros passos na música.
Mas com Neto e Felipe, foi totalmente contrário: inicialmente, os cantores tinham uma banda de rock pelas fortes influências de Beatles e Kiss em suas adolescências. O gênero do Folk também foi paixão à primeira vista, na época em que Neto e Felipe já cantavam duetos em bares e em pequenos estabelecimentos de Jales, interior de São Paulo – visto que é no estado paulista que grandes movimentos da folk music estão presentes.
Para os dois, foi um processo totalmente natural os gostos por diferentes gêneros até sua troca em definitiva pelo sertanejo: “Analisando nossa trajetória, foi algo muito natural e nada forçado, esse caminho do rock ao sertanejo, atualmente, que também bebe muito do rock e de pop”, diz Neto.
Felipe complementa em relação ao sertanejo ser muito unido às outras vertentes: “A gente gosta de enxergar essa unidade. Fazer essa unidade falar mais alto nos sons que a gente faz, tanto nas composições quanto nas versões que publicamos no YouTube. A gente gosta de trazer o que essas vertentes musicais têm em comum”.
“Os Beatles é uma ótima ‘bíblia’ musical, porque se você for ver ali, tem coisa do pop, tem coisa do folk, tem coisa do rock mais pesado, da música romântica bem-feita, como ninguém mais conseguiu fazer depois. É uma boa escola para se começar”, finaliza Neto, reforçando que até mesmo uma das bandas mais influentes da história tinham essa dinâmica de mesclar ritmos.
Enquanto o rock teve uma importância de apresentar a música, o folk teve um papel de estabelecer os amigos de infância como uma dupla e desvincularem a ideia de montar uma banda:
“O Folk foi importante para a criação da dupla. Sempre o que a gente ia fazer, pensávamos como banda. Até o nosso primeiro trabalho junto a gente tava pensando como uma banda. O Folk foi trazendo essas referências de dupla, como do próprio Simon e Garfunkel nos anos 60, Sá e Guarabyra aqui no Brasil, Victor e Léo, que, muitas vezes, já se declararam como uma banda Folk. Então foi esse gênero que colocou esse formato de dupla como algo viável e a gente se viu como uma dupla”, explicou Neto.
Felipe leva ao lado mais emocional, falando que as idas aos grandes lugares do folk e s amizades com estudiosos e artistas do gênero serviram para Neto e Felipe “se sentir parte de alguma coisa”.
A presença do sertanejo
Neto e Felipe contam que o grande responsável pelo amor à música caipira que a dupla teve foi a partir do trabalho de Pena Branca e Xavantinho. Não é à toa que a dupla sertaneja decidiu estrear no The Voice Brasil cantando “Cio da Terra”!.
“[Eles] representaram o resgate da música caipira, já não eram novinhos quando apareceram, mas representam essa essência (…) São nossos heróis. Eles tiveram esse papel de abrir nossa cabeça para outros artistas até mais antigos da música caipira”, diz Felipe.
“A gente se apaixonou pela obra de Pena Branca e Xavantinho de uma forma que nada antes passamos, as vozes e a escolha de repertório. Esse resgate que eles propuseram já foi mesclando muita coisa com a MPB, com o Milton Nascimento, a galera do Clube da Esquina”, complmentou Neto.
O amor deles é tão forte pelo trabalho e repertório da lendária dupla sertaneja que Neto e Felipe tem um “projeto na gaveta” relacionado aos artistas: um show totalmente dedicado às músicas de Pena Branca e Xavantinho. Tanto Neto quanto Felipe não descartam a possibilidade de EP’s com regravações mais violeiras dos grandes hits dos Beatles.