Bruna Viola falou com exclusividade ao Movimento Country sobre o início da carreira e a paixão de infância pela música raiz
Quem acompanha o Movimento Country já sabe fizemos uma entrevista exclusiva com Bruna Viola. Inclusive, te contamos sobre os bastidores de tudo o que rolou nesse papo tão especial. Volta e meia a gente tem o prazer de bater papo com artistas muito bons, mas eu confesso que algumas pautas deixam a gente com frio na barriga. Bruna tem uma estrela diferente e não é a primeira vez que falamos dela aqui.
A conversa com Bruna Viola, que acabou de liberar o emocionante videoclipe de “Bença“, começou abordando o início da sua carreira, a influência familiar para tocar o instrumento que a mostrou para o Brasil todo e conquistou a admiração da grande Inezita Barroso, também violeira, atriz, cantora, pianista e radialista, em quem Bruna já declarou se inspirar. Quando o assunto é a paixão de Bruna pela música caipira e sua habilidade ímpar com a viola, os olhos da moça brilham e, em alguns momentos, a voz embarga.
Sobre a origem do seu amor pela música raiz, Bruna contou que a influência veio do seu bisavô: “ele gostava muito de moda raiz, de viola caipira, da fazenda lá no Mato Grosso, e eu fui criada no meio sertanejão, no sítio mesmo, frequentando a fazenda dele, andando a cavalo, ia no curral tirar leite cedo com ele. Meu bisavô estava sempre ouvindo essas modas, antigas em um radinho de pilha. Comecei a me apaixonar ali já, desde criança. Minha família materna, era todo mundo músico. Meus avós maternos, os tios, tias, primos, todo mundo com o dom da música. É uma herança que eu carrego deles, e procuro explorar e aperfeiçoar.”
Bruna Viola também nos contou que começou a tocar o instrumento muito cedo. “Comecei a tocar viola com 11 anos. Aprendi os primeiros acordes do violão com meu avô materno. Ele viu que eu tinha um pouquinho do dom de mexer com o instrumento e ele começou a me ensinar. Mas, como eu sempre tive essa paixão pela música raiz e por ouvir a batida da viola, o instrumento que eu queria pegar mesmo e fazer aquele som e tocar as músicas que eu ouvia era a viola caipira. Aí, eu pedi para os meus pais de presente uma viola, e ganhei, e como eu já tocava violão, eu comecei a tirar as músicas de ouvido, fui explorando e deu nisso aí”, contou a artista.
Questionada sobre como foi o despertar da paixão pelo instrumento, Bruna deu boas risadas e revelou: “eu comia viola, era todo dia, o dia inteiro, toda, hora, estudava muito, mas hoje em dia estou mais folgada. A gente vai ficando velha e vai ficando com mais preguiça, chega em casa cansada das viagens e dos shows e a viola fica meio de canto. Mas, ontem mesmo, eu estava tocando. Peguei o violão para tirar umas músicas, e a prática leva à perfeição. A gente não pode deixar de praticar nunca.”
Durante a conversa com Bruna Viola, abordamos também a questão do preconceito, que ela disse nunca ter sofrido, por ser uma das únicas mulheres em um meio tão masculino. “Na verdade, por eu ter começado muito cedo, já com 11 anos eu comecei a frequentar os encontros de violeiros. É um meio muito masculino mesmo, eu encontrava os meus grandes ídolos, conheci Zé Carreiro e Carreirinho. Único ídolo mulher que eu encontrei foi a Inezita Barroso, mas sempre eram homens, e nas competições de violeiros, eram sempre duplas masculinas, violeiros solo, era muito raro ter uma mulher.”
“Eu era a diferente ali, principalmente por ser criança e uma mocinha tocando viola caipira. Dizia-se que só as pessoas mais velhas gostavam de ouvir música raiz, é um instrumento muito masculino. Mas, na verdade, eu era muito bem recebida onde eu chegava, as pessoas se espantavam em ver uma menininha tocando viola caipira e queriam ver, pediam pra eu tocar. Assim meu nome foi andando, foi dando certo, as portas foram se abrindo e tem dado certo, graças a Deus!”, completou Bruna Viola.
Sobre sua relação com a grande Inezita Barroso, Bruna declarou: “foi incrível conhecer a Inezita! Era algo que eu nunca imaginei, e aí eu tive a oportunidade. Inclusive, em um desses encontros de violeiros lá no Mato Grosso, era um encontro muito famoso no nosso meio, em uma cidade chamada Poxoréu. Violeiros do Brasil inteiro, os grandes ícones da viola caipira já passaram por esse encontro. Eu conheci a Inezita Barroso lá.”
“O mais incrível foi que, anos depois, quando minha carreira já tinha tomado uma proporção maior, mais profissional, recebi o convite pra ir no programa da Inezita, participar do programa “Viola, Minha Viola”. Ela lembrou de mim, de quando eu tinha 11 anos, lá nesse encontro de violeiros. Ela falou no programa que lembrava de mim, que lembrava da cena de quando nos conhecemos, quando minha mãe nos apresentou. Era incrível a relação que eu tinha com a Inezita, uma troca de carinho muito sincera, e ela me olhar com admiração é gratificante demais!”, disse Bruna Viola.
Mesmo com todo o conhecimento a respeito do seu ofício de violeira, Bruna Viola ainda é uma menina, simples, gentil e que se emociona com as conquistas da carreira. Sim, arrancamos algumas lágrimas da moça, mas a gente promete que foram de alegria. O que rolou? Você precisa ficar atento à segunda parte da entrevista, que sai em breve.